A imagem acima foi pintada em 1812 pelo pintor oficial do Império Francês, Jacques-Luis David. A peça entre muitas outras faz parte do repertório de imagens pintadas a mando de Napoleão para construir a sua fama e endossar o seu poder. No ano de pintura da imagem, o vitorioso exército francês começava a sofrer suas primeiras derrotas na Rússia e o poderio de Bonaparte a ser contestado e a ruir.
Natural da Ilha mediterrânea da Córsega, Napoleão Bonaparte, esteve à frente do poder na França por 16 anos. Exímio estrategista à frente do exército do país na época da revolução, atraiu para si apoios de diversos segmentos, que o habilitou a dar um golpe (o 18 Brumário) e assumir o poder, como Primeiro-Consul, em 1799.
Em 1801, por um ato do seu próprio ímpeto, mas com apoio da burguesia francesa e do Exército, além da população em geral, torna-se Cônsul vitalício, ou seja, praticamente um monarca, já que estaria à frente do poder executivo na França, até o fim da vida. E em 1803, outro golpe, proclama-se Imperador dos Franceses.
Num mix de terror e revolução, as invasões napoleônicas se espalharam por toda os países absolutistas da Europa. A força do exército napoleônico fazia cair reis que não aderissem às ideias de reformas políticas e sociais, estabelecidas por Bonaparte. Aos reis contestadores, Napoleão os destituía do trono e colocava em seu lugar, aliados e familiares, como foi o caso da Baviera, de Nápoles e da Espanha.
É de autoria de Napoleão, o Código Civil, ou Napoleônico, que serviu de inspiração para diversas constituições liberais ao longo do século XIX. Bonaparte atraiu para si ódios e paixões. Ao subir ao poder garantiu o acesso à terra aos camponeses na França, reatou com a Igreja, assumiu os anseios da burguesia, interessadas na liberdade civil, em ocupar o Parlamento, na defesa da propriedade privada, no livre-comércio e em acalmas os ânimos populares, e também garantiu o apoio militar do Exército de onde vinha.
Ao invadir os países absolutistas na Europa, mudou os rumos da política continental, remarcou as fronteiras de muitas nações, e indiretamente acabou por influenciar os movimentos de Independência das colônias espanholas e do Brasil na América.
O terror do Exército Francês também supriu o mito de temor a Napoleão. A construção da imagem do imperador, por meio de quadros, esculturas, panfletos e a construção dos arcos do Triunfo nas cidades por ele conquistadas, alimentavam o imaginário ambíguo a respeito de Bonaparte, tão famoso na sua época como Jesus Cristo. Coisa de que gostava muito, e que era fruto da sua personalidade vaidosa.